Morreu na madrugada desta segunda-feira (30/1) o cineasta Linduarte Noronha, aos 81 anos. Ele estava internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Memorial São Francisco, em João Pessoa, com dificuldades respiratórias advindas de uma pneumonia. Segundo informações da família do cineasta, ele sofreu uma parada respiratória.
Linduarte Noronha nasceu em Pernambuco, mas fez sua carreira na Paraíba. Ele é um dos pioneiros do cinema local, ficando conhecido no país pelo documentário em curta-metragem Aruanda, de 1960. O filme, sua principal obra, promoveu grandes modificações estéticas na cinematografia brasileira e é considerado um precursor do movimento Cinema Novo.
Aruanda trata da fundação de um quilombo de escravos fugidos na Serra do Talhado e revisita a mesma região flagrando os descendentes de escravos que viviam de forma primitiva, vendendo potes de barro feitos de forma artesanal.
Noronha também foi responsável pelo primeiro longa-metragem de ficção do cinema da Paraíba, Salário de Morte, de 1971.
O corpo será velado a partir das 11h (horário de Brasília) no Parque das Acácias, na capital, onde também acontece o enterro às 18h.
Linduarte Noronha nasceu em 1931 e faleceu em 30 de janeiro de 2012, sendo o maior cineasta paraibano. Sua obra mais célebre é o documentário de curta-metragem Aruanda, que teve grandes repercussões estéticas para o cinema brasileiro, sendo considerado precursor do Cinema Novo, inclusive por Glauber Rocha, seu representante mais expressivo.
Linduarte Noronha foi repórter e crítico de cinema antes de arriscar-se no documentário. Foi adaptando um texto jornalístico próprio que rodou seu curta-metragem de estréia, “Aruanda” (1960). Nunca mais o filme no Brasil seria o mesmo.
“Aruanda” está para o moderno cinema brasileiro como “A Bagaceira” do também paraibano José Américo de Almeida está para nosso modernismo literário. O Nordeste, sua realidade, seus mitos, texturas, asperezas, locações e personagens, abria passagem – em 1960 como em 1928, nos filmes como nos livros.
“Aruanda”, ensina Noronha, quer dizer “terra de promissão”. O filme trata da fundação de um quilombo de escravos fugidos na Serra do Talhado e revisita a região, quase um século depois, flagrando uma família camponesa que subsiste de algodão, plantado pelos homens, e cerâmica, obra das mulheres.
O então jovem critico baiano Glauber Rocha comparou-o ao Rossellini da aurora do neorealismo. Jean-Claude Bernardet o louva como “simultaneamente documento e interpretação da realidade”. Na década seguinte, o Cinema Novo e o documentário nacional aplicariam suas lições.
“Aruanda” originou ainda toda uma escola de documentários na Paraíba, a partir principalmente de companheiros de equipe de Noronha: Vladimir Carvalho, João Ramiro Mello, Rucker Vieira. O próprio Linduarte Noronha acabaria por realizar apenas dois outros filmes: o curta “O Cajueiro Nordestino” e, já nos anos 70, o longa-metragem “O Salário da Morte”, depois de uma tentativa frustrada de adaptar, claro, “A Bagaceira”.
Às vésperas do cinqüentenário da reportagem que originou “Aruanda” (As Oleiras de Olho d’Água na Serra do Talhado, 1958), o É Tudo Verdade celebra a contribuição renovadora de Linduarte Noronha. Este ciclo reúne os filmes por ele dirigidos, um retrato dele por outro mestre do documentário brasileiro (Geraldo Sarno), duas obras que contextualizam a Paraíba no ano de seu nascimento (1930) e dois curtas essenciais da escola paraibana. A força desse movimento se reafirma pela exibição hors-concours do novo documentário de Vladimir Carvalho, “O Engenho de Zé Lins”, um tocante retrato do escritor paraibano José Lins do Rego (1901-1957). (fonte: wikipédia) http://pt.wikipedia.org/wiki/Linduarte_Noronha
Nenhum comentário:
Postar um comentário